50 DJs, 40 MCs, e 10 equipes de som...
Este foi o saldo do maior evento de Funk Carioca já realizado então no país, o “Rio Parada Funk”. O evento que aconteceu no dia 30 de outubro, em pleno Largo da Carioca, no centro da Cidade do Rio de janeiro, reuniu num domingo ensolarado, um público superior a 30 mil pessoas.
DJ Marlboro e Zé Black
Sem quaisquer índices de violência, o Rio Parada Funk, em sua primeira edição mostrou que o som dos bailes pode ganhar às ruas das cidades com o devido respeito às pessoas.Das 40 equipes que decoravam o ambiente com hits dos anos 80, 90 e atualidades estavam a Furacão 2000, A Cova, Cash Box e Pipo’s, porém, a única que se manteve fiel aos primórdios, sem alterar o seu repertório musical, foi a lendária “Soul Grand Prix” – criada nos primórdios do Movimento Black Rio por “Dom Filó”, e posteriormente assumida até então por “Zé Black” – que se propôs em manter viva as memórias do Soul, Funk, Electrofunk, Miami Bass e Latin Freestyle.
Da esquerda para a direita: DJ TR, MC Leonardo e Mateus Aragão
Um fato interessante ocorrido no evento foi a forma em que o palco da Soul Grand Prix ficou posicionado. Enquanto todas as equipes se concentravam literalmente no Largo da Carioca, a Soul Grand Prix quase foi prejudicada pela distância entre as demais, já que ficara posicionada na Rua da Carioca, a poucos metros da Praça Tiradentes. Um tanto entristecido pela condição que se encontrava, pois o público não permanecia por muito tempo no local, Zé Black confidenciou-me que sua equipe perderia muito com isso no evento. Procurei tranqüilizá-lo informando que havia feito contato com duas crews de b. boys, e que assim que eles chegassem, esse lamentável incidente seria coisa do passado. Inicialmente Zé Black não acreditou na possibilidade dos dançarinos salvarem o seu espaço, deste modo, às 15 h, chegaram as crews “GBCR”, da Rocinha e “B3H2”, de São João de Meriti e ao som do mais puro Electrofunk desferiram no asfalto quente movimentos que atraiu a atenção da platéia, que assistia tudo aquilo como uma grande novidade! Em menos de 30 minutos, podia-se contabilizar um público aproximado de 2 mil pessoas, que, com a movimentação gerada pelas crews, começou a arriscar o famoso passinho marcado improvisado por antigos dançarinos que se posicionaram estrategicamente ao lado da roda de break. O DJ da casa se empolgou com todo o acontecimento e saltou em dado momento Sex Machine de “James Brown”; o Zulu Zezzynho Andraddy não agüentou a pressão, subiu ao palco e fez valer no pé o título que possuía de principal dançarino dos bailes da Soul Grand Prix. E para ficar ainda mais bonito o clima, o b. boy “Doug”, com idade para ser filho de Zezzynho, subiu também ao palco para dançar o mais puro soul promovendo um grande encontro intergeracional. Emocionado, Zé Black veio até mim e disse: “Eu sempre quis fazer algo assim e nunca encontrei um incentivo...”. Respondi a Zé que precisava conhecer melhor o Hip-Hop e a história que vem através desse movimento, no sentido do respeito à antiga escola que ele, Zezzynho e Filó fazem parte. Então Zé Black aproximou Filó de nós e sugeriu uma reunião para desenvolvermos um projeto conjunto (Zulu Nation Rio – Soul Grand Prix – LUB), o que foi prontamente aprovado por Filó!
Zulus Híbrido, DJ TR e Bruno Timorato
E é desta forma que o Hip-Hop Nacional precisa se posicionar diante do Funk Carioca, rompendo as indiferenças e buscando se envolver de forma saudável, buscando sempre abordar um diálogo onde todos possam refletir pontos negativos e positivos entre os movimentos, onde o grande beneficiário serão os jovens de hoje, oriundos das comunidades pobres!
Em nome da Zulu Nation Brasil, a Zulu Nation Rio de Janeiro agradece aos irmãos “MC Leonardo” (APAFunk) e “Mateus Aragão” (Eu Amo Baile Funk) pela grande honra de nos convidar a participar do Rio Parada Funk, entendendo claramente as intenções de nossa organização em prol de uma sociedade mais justa por meio dessas expressões.
Paz e Respeito a todos!
DJ “Zulu” TR.
