quinta-feira, outubro 06, 2011

Relatório sobre o Encontro da Zulu Nation Rio com Afrika Bambaataa...

Da esqueda para a direita: King Kamonzi, Zezzynho Andraddy, Afrika Bambaataa e DJ TR.
Primeiramente, eu, “DJ TR”, na condição de coordenador da Zulu Nation Rio de Janeiro, em nome de nossa afiliação carioca, gostaria de agradecer – abaixo de Deus – aos irmãos “Bruno Timorato” (Zulu Nation RJ), “Zezzynho Andraddy” (Zulu Nation RJ), “DJ Claysoul” (Zulu Nation RJ) pelo grande apoio dado desde o início para que nossos contatos com o ilustre “Afrika Bambaataa” fossem possíveis.  Também dedico o meu agradecimento especial à minha querida irmã biológica “Mary”, por ter sido a peça importante deste encontro, elucidando como eximia interprete, todos os assuntos tratados naquele momento e da minha grande irmã “Queen Verônica”, que, da Bahia prestou-nos assessoria, ligando via telefone às vésperas do nosso encontro com Bambaataa, para confirmar nossa ida até ele. E como poderia esquecer a intervenção fundamental de “King Nino Brown” junto ao irmão “Zuluson Aasim”, para facilitar nosso contato com Afrika Bambaataa...?! Jamais poderei esquecer-me de citar a importante presença do ilustre “Dom Filó”, que, durante os dois dias que antecederam o encontro, se colocou como um grande diplomata na negociação do nosso encontro. A todos vocês, que Deus os abençoe grandemente! Paz e Respeito!

Nós Zulus, juntamente com Mary, chegamos ao Hotel Transamérica Barra, por volta das 12 h e, após alguns minutos, fomos recepcionados inicialmente por Zuluson Aasim, intermediador do encontro. Momentos depois, Dom Filó adentra ao saguão do hotel para completar o comitê de boas-vindas a Bambaataa. 20 minutos depois, “Afrika Bambaataa” desce de seu apartamento e nos recebe com toda a cordialidade e atenção, como se estivesse aguardando aquele encontro há muito tempo – acredito eu, que tal ânimo sobre o ar de expectativa se deva à carta que enviei por meio do irmão Nino Brown há 1 mês atrás, que consistia em nossos avanços o quanto afiliação carioca. Após todo o grupo se apresentar, colocamos as pautas que eram de suma importância para a Zulu Nation Rio de Janeiro:

1) Pedido de contato direto entre os integrantes da Zulu Rio com Afrika Bambaataa,  sem intervenção de terceiros (telefones, e-mails, Skype, endereços, etc...), o que foi concedido e passado imediatamente pelo próprio Bambaataa; 

2) Pedido de intercessão direta de Afrika Bambaataa junto à Zulu Matriz, no que concerne à desburocratização dos documentos para que a Zulu Rio eleve-se à condição de sub-sede no Rio de Janeiro, o que de pronto houve a concordância por parte de Bambaataa, que acrescentou ser necessária a filiação formal e legal, de todos os integrantes da Zulu Rio, com o preenchimento de um formulário que será enviado pela Zulu Nation USA, contendo dados completos dos mesmos, incluindo fotos, nomes completos (sem apelidos), data de nascimento, cargo que cada um desempenha dentro da Zulu Rio, pagamento de cota única de US $ 35,00 (trinta e cinco dólares americanos), para a confecção da identidade dos Zulus do Rio de Janeiro. A importância dessa identificação é o Passe Livre e o Respeito que terão todos os Zulus que a portarem; o que também de pronto foi acatado por todos os integrantes da Zulu Rio;

*Cabe ressaltar que o mesmo procedimento deverá ser aplicado em todas as afiliações nacionais, a começar pela Zulu Matriz, em São Paulo*



3) “DJ TR” teve oportunidade de ressaltar pontos de grande relevância como:


a) A necessidade de uma sede reconhecida e respaldada pela Zulu Nation USA, no Rio de Janeiro. Apresentou também alguns projetos da Zulu Rio que já foram postos em prática e outros que ainda necessitam de verba e ajuda política;

b) Falou da falta de comprometimento por parte de alguns Zulus do Rio, da dificuldade de compreensão de alguns, que acabam impedindo que as portas se abram para que projetos de ajuda comunitária sejam postos em prática em apoio ao Rio e à Zulu Matriz;
c) Falou dos trabalhos desenvolvidos junto aos jovens das comunidades carentes e presídios cariocas, por meio de aulas de lutas marcias e boxe com o projeto parceiro “Lutando por Vidas”, concomitantemente, da conscientização da Cultura Hip-Hop e do 5º Elemento.



Durante toda a explanação, Bambaataa se mostrou atencioso e interessado em tudo o que era relatado e acrescentou que vê constantemente, pessoas se preocupando com coisas bobas e sem importância alguma, ao invés de se importarem com o que é de fato relevante. Exemplificou perguntando: O que vamos deixar para nossos filhos e próximos, no futuro...? Como iremos ajudar nossos pais quando eles estiverem idosos...? Que condição de vida teremos e daremos para todos os que ajudam, trabalham e realizam coisas de relevância para a comunidade...? Bambaataa ressaltou também a forma errada do negro pensar, como se ainda fosse um “escravo” e vivesse em senzalas como há séculos atrás. Falou da falta de Conhecimento do negro, do lugar que ele ocupa hoje na sociedade e também da importância do seu nome quando escrito com sua própria letra e não em letra de fôrma. Exemplificou que Deus nos deu o nome da maneira que escrevemos (em letra corrida) e que cada um de nós criamos nossa própria “marca”. “O Estado nos dá o documento de identidade com nosso nome em letra de fôrma, que descaracteriza e contraria o que o Criador nos presenteou. Nossa assinatura nada mais é que a nossa impressão digital e ninguém a terá igual a do outro”, disse ele. Daí, seu pedido para que, no ato do preenchimento do formulário para a confecção da carteira, todos assinem como fazem em seus documentos pessoais.

4) “Zulu Claysoul” teve oportunidade de agradecer e falar da importância de Bambaataa em sua vida como “DJ” ao longo de seus 19 anos de luta e de seus ensinamentos de conscientização da Cultura Hip-Hop e do apelido recebido de “Bambaatinha”, quando fez chegar às mãos de Afrika Bambaataa, um exemplar de seu jornal universitário em 2004, o “e-Black”. Bambaataa ouviu atenciosamente e sentiu-se  lisonjeado pela declaração feita pelo irmão Claysoul. Claysoul também falou sobre seu pai, que foi um dos fundadores da escola de samba do Jacarezinho e grande contribuinte no GRES Mangueira como Mestre de Cuíca. Também disse sobre a importância do Samba e do movimento dos Escoteiros em sua formação ideológica, fatos que considerou de extrema importância para sua aceitação como Zulu; 

  
5) Foi feito um convite para Bambaataa visitar comunidades cariocas, da próxima vez que vier ao Brasil, mas não pela visão do turista, e sim pela visão realista de quem vive lá. Visitar também escolas de samba e locais típicos freqüentados  pelos “comuns” !!! Bambaataa disse que seria um prazer andar e conhecer tais lugares;

6) “Bruno Timorato” enfatizou a necessidade de manter contato para futuras conversas e busca de soluções, e Bambaataa concordou com sua exposição;

7) “DJ TR” falou sobre a necessidade de ter uma sede que possa acomodar Zulus que venham ao Rio para que não precisem se hospedar em hotel. Enfatizou também, que há a necessidade de recursos financeiros que permitam a realização dessa proposta;

8) “Dom Filó” teve oportunidade de fazer suas considerações a respeito da cultura Hip-Hop como sendo filho caçula do Movimento Soul Nacional, e também de seu documentário – Black Rio, por onde andas...?! –, onde foi feito o convite de participação a Bambaataa, que se sentiu honrado com a oferta; 
9) O Grupo foi unânime em perguntar o que Bambaataa gostaria que todos os Zulus fizessem, para que a Cultura Hip-Hop fosse disseminada e propagada com coerência por todo o território nacional...? E ainda, que conselho daria para todos os Zulus do Brasil...?


*Bambaataa disse que se sentia muito triste com o comportamento egoísta, interesseiro e desunido de alguns Zulus e ainda acrescentou, que a maioria até hoje não entendeu o significado e o objetivo da Cultura Hip-Hop e do 5º Elemento. Que, o que mais deseja, é ver a UNIÃO NACIONAL e  UNIVERSAL de toda a família ZULU. E que a partir daí, todos os projetos se tornem realidade no meio das comunidades, com todos  tendo a plena consciência do papel e lugar que ocupam na sociedade, e com responsabilidade de preservar e zelar por tudo o que receberam através do trabalho dos seus irmãos ZULUS espalhados por vários lugares do mundo, sem exceção e distinção de cor ou origem*

Da esquerda para direita: Mary, Bruno Timorato, Dom Filó, DJ Claysoul, King Kamonzi, Bambaataa, DJ TR e por último Zuluson Aasim.
 
10) Aproveitando o desabafo de Bambaataa, “DJ TR” informou-o que existem irmãos extremamente preocupados com este estado de espírito instalado na Instituição e, como prova de inconformidade, que a Zulu Nation Brasil está apoiando firmemente o fórum "O Quinto Elemento da Cultura Hip Hop", dirigido pelo "Prof. Evandro Vieira Ouriques", do “PACC-Programa Avançado de Cultura Contemporânea-UFRJ”, e pela "Zulu Queen Ana Rita Chaves", da Zulu Nation Portugal, que acontecerá durante 15 dias em Brasília como parte do evento "Rap Hour Seis & Meia", uma realização de "Helder Cunha" para a Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Disse também que a presença de Afrika Bambaataa ao fórum seria de extrema relevância no que concernem esclarecimentos acerca da real proposta do 5º Elemento no desenvolvimento da Cultura Hip-Hop e ações de cunho socioculturais que permeiam junto à juventude desassistida através dela. Bambaataa, mais uma vez se sentiu honrado com o convite, informando que isso seria ótimo, desde que o evento ocorresse posterior ao “12 de Novembro”, data em que sua agenda está comprometida junto à sede internacional da Universal Zulu Nation, devido às festividades em comemoração aos aniversários da entidade e do Hip-Hop;   
  
11) O irmão “King Kamonzi”, porta-voz de Bambaataa, também demonstrou total atenção ao grupo e aproveitou para aconselhar-nos acerca de ações sociais que poderíamos desenvolver em prol daqueles que necessitam do nosso trabalho;

12) Bambaataa criticou os Zulus brasileiros que discriminam os irmãos do Funk Carioca, por manifestarem seus sentimentos de forma diferenciada. “DJ TR” aproveitou a oportunidade para enfatizar que, quando o chicote do opressor vem para reprimir, ele não olha se você é feio ou bonito, gordo ou magro, religioso ou ateu... Basta ser negro e morar nas áreas de exclusão para você ser tratado de forma indigna. TR ainda acrescentou que foi por isso, que, entidades como a “APAFUNK – Associação dos Profissionais e Amigos do Funk” se tornaram parceiras da Zulu Rio, e que nossa pretensão é alcançar outros Movimentos como o Samba, por exemplo. Citou também sobre a campanha desenvolvida pela Zulu Nation Brasil pelo reconhecimento do “Dia Nacional do Hip-Hop”, denominada “Hip-Hop pelo 12 de Novembro”. Bambaataa se orgulhou do que ouvira e se colocou aberto a receber nossos relatórios, abrindo assim uma linha direta de comunicação com ele, sem quaisquer interferências. Também aproveitou para mencionar que todos os Zulus Brasileiros precisam reconhecer e reverenciar a pessoa de “King Nino Brown”, como Ministro-Chefe Zulu, representante legítimo da Zulu Nation no Brasil. “DJ TR” reforçou que, compreendendo a luta incansável de Nino para o melhoramento da entidade no Brasil, pretende, por meio da Zulu Rio, apoiar (de modo financeiro) brevemente a Matriz, gesto este que deveria ser seguidos por todas as afiliações nacionais, pois devemos ter um pensamento sustentável, onde a entidade sobreviveria em todo o país com o auxilio consciente dos Zulus, idéia que foi apoiada com grande louvor por Bambaataa.

O encontro que durou quase duas horas foi finalizado com a troca de contatos e a certeza de que a Zulu Rio de Janeiro deu seu primeiro passo em direção da maturidade. Nosso próximo passo agora é concluir a projeção de nossa sede-célula junto ao CELUB, em Coelho Neto e, posteriormente, com a legitimação de nossa documentação via Zulu Matriz, desenvolver ações sustentáveis para o bem-estar institucional e social dos nossos membros.

Agradecemos desde já a pessoa de King Nino Brown por ter acreditado em nosso potencial como Zulus aqui no Rio de Janeiro e nos comprometemos a auxiliar a Matriz naquilo que for essencial para a sobrevivência da autêntica Cultura Hip-Hop.

Que Deus nos abençoe!

Paz e Respeito!

Vida Longa à Universal Zulu Nation!

 

DJ "Zulu" TR.