Creditado entre nomes importantes como os de Big Boy, Ademir Lemos,
Messiê Limá, Cidinho Cambalhota, Luizinho Disc Jockey Soul, Mr. Paulão Black
Power e Dom Filó,
ele realmente era o “Mister”: Oseas dos Santos ou
simplesmente “Mr. Funky Santos”, como era conhecido popularmente, completou na
2ª feira passada (1º de julho), seu primeiro aniversário de falecimento, após complicações
pulmonares decorrentes de um câncer de estômago...
Mr. Funky Santos tinha 61 anos de idade e foi um dos primeiros
DJs cariocas a defender a bandeira da black
music nas pistas de dança do Rio de Janeiro.
Sua saga teve início no
Catumbi, bairro situado na Região
Central do Rio de Janeiro, fronteiriço ao Estácio – considerado o Berço do Samba carioca –, mais
precisamente no Astória Futebol Clube: Funky Santos
descia o Morro dos Macacos, localizado em Vila Isabel, na zona Norte carioca, e
com alguns LPs de James Brown começou a escrever as primeiras linhas da
história da Cultura Black Carioca... Posteriormente, no Renascença Clube (espaço
considerado um dos redutos de resistência do Samba, fundado na década de 50
pela elite negra rejeitada pelos clubes tradicionais, dando ao afro-carioca a
sensação de adentrar em um local seu por excelência e pela porta principal), no
bairro Andaraí, na zona Norte da cidade, durante os anos 70, colaboraria
ativamente com a formação do Black Rio,
movimento cultural que culminou no surgimento de outras representações nas
principais capitais do país, dentre estas São Paulo, Brasília e Belo Horizonte
e Porto Alegre.
“Falar de Funky Santos é uma ousadia quando temos um espaço
curto comparado a sua vasta e enriquecedora história, que é a própria ‘história
dos bailes’, simultânea aos movimentos afro-culturais do mesmo período. Pois,
Oseas dos Santos, foi um exemplo de Dee Jay, antenado com o progresso da música
mecânica e o poder que os toca-discos têm de formar opinião: seja através do
Movimento Funk Carioca; seja na Cultura Hip-hop; ou, seja com a Identidade
Cultural Baile Charme – eu sito essas três passagens como um desenho de sua
caminhada invejável, por que foram nesses mesmos ambientes que a construção de
uma filosofia incontestável dita por Santos: que todo DJ buscasse a informação e a formação didática do que se
propusesse a tocar nos eventos..., e com esse perfil autodidático das
carrapetas, que Mister se projetou no mercado reconhecido como um dos
primeiros DJs do subúrbio carioca, desde os áureos tempos dos Bailes da Pesada,
regido por outros notórios nomes: Big Boys, Ademir Lemos, Peixinho, Messiê Lima, e, simultaneamente, com a ascensão do
Movimento Black Rio que crescia cada vez mais comandados por outros parceiros
dos toca-discos: Don Filó, Mr. Paulão Black Power, Luizinho Disc Jockey,
Marcão Cash Box, Rômulo Costa...
Prefiro encurtar o texto com os olhos cheios de lágrimas, por que pouco se
registrou com autenticidade do próprio depoimento daquele que era um ‘livro
ambulante’ do conhecimento: Sr. Oseas dos Santos. Termino, eu!”
DJ Claysoul
(Zulu
Nation RJ/ DISCOTERJ/ Movimento SoulBalanço)
Grande popularizador do original funk
dos anos 70, Funky Santos teve programas nas rádios Imprensa e Roquete
Pinto. Outro fato notável na época eram as autopromoções nas capas de LPs
coletâneas, onde as fotos de Mr. Funky Santos faziam parte do cartão de visitas,
costume este que durou até os anos 80 com total adesão das equipes de som dos
bailes de subúrbio na produção de seus vinis. Pode-se afirmar inclusive que Mr.
Funky Santos fora o divisor de águas na transição do orgânico original funk para o requintado charme (r&b), sobre o qual surgiram
precursores do movimento, como é o caso do DJ Corello.
“Mr. Funk Santos era o espírito da geração Black Rio. Sempre
antenado foi o primeiro discotecário a fazer baile com repertório interpretado
apenas por artistas negros. Fez carreira no clube Astória e seus discos
traduziam bem o espírito Black dos anos 70/80. Militante e entusiasta
dos novos bailes, Santos nos deixou e levou com ele um legado histórico, que
não será preenchido por ninguém!”
DJ Sir Dema
(Clube do Soul)
Santos era um dos
últimos remanescentes da Old School de discotecários (DJs) a difundir o
original funk e o soul nos bailes de subúrbio do Rio, durante
os anos 70, colaborando ativamente com a formação do Black Rio, movimento cultural que culminou no surgimento de outras
representações nas principais capitais do país, dentre estas São Paulo,
Brasília e Belo Horizonte e Porto Alegre.
“Não posso falar de Mr. Funky Santos, sem citar esse disco...
Me lembro muito bem: o comprei na Coopervolks, aqui em São Bernardo do Campo. Nossa,
faz tempo! Uns 30 anos já! Foi uma grande perda para o soul music do Brasil. Nosso saudoso Mr. Funky Santos se foi, mas
deixou seu legado através dos 3 discos lançados. Valeu Mr., muito obrigado por
tudo! O soul não pode parar!”
King Nino Brown
(Zulu Nation Brasil)
Viva
Mr Funky Santos!
A Zulu Nation Brasil assume o dever de manter sua memória
sempre viva no Hip-Hop Brasil para as gerações atuais e futuras!
Paz
e Respeito eternos!
DJ “Zulu” TR.