1973...,
EUA, Bronx River Projects...
Em meio à violência desenfreada das gangues de rua por território para a
promoção da venda de drogas, “Kevin Donovan”, era líder da “Black Spades”,
creditada como a mais perigosa de todas, decide dar um basta às mortes em seu
bairro, após a morte de um membro muito querido de sua turma. Ele tinha apenas
16 anos de idade. Mas, essa decisão não partiu de uma hora para outra, devido à
perda de um membro de sua gangue, pois, pela ordem natural dos fatos, a lógica
seria um revide sangrento à gangue rival...
Mesmo integrado à
Black Spades, o jovem Donovan, além de estar cursando o nível médio, era um
privilegiado, já que sua mãe e tio eram ativitas do movimento pelos direitos
civis, sendo nutrido durante a infância pelos debates promovidos por
organizações libertárias, isto sem falar do extenso acervo de livros e
informações contidos em sua casa graças aos seus tutores. Deste modo, apesar de
estar exposto ao trágico cenário de caos do bairro, Kevin Donovan nunca se
esquecera destes ensinamentos e, ao assistir no cinema o clássico de Cy Endfield, “Zulu” (1964) – que traz a história real de cerca de uma centena
de soldados britânicos, que enfrentaram 4000 dos mais poderosos guerreiros das
nações Zulus, para defender Rorkes Drift, em 1879 –este jovem despertou em seu
íntimo o desejo de fazer algo para modificar positivamente o Bronx.
Foi então que, ao conquistar o primeiro lugar no
concurso de redação da escola, que o premiou com uma viagem à África, Kevin
Donovan teve a oportunidade de conhecer de perto algumas comunidades e suas
formas de organização baseadas na solidariedade e no respeito ao próximo. Ao
retornar deste importante passeio, ele decide se batizar em homenagem ao
continente que visitara com nome “Afrika”, adicionando como segundo nome “Bhambatha”, do chefe zulu Bambatha
kaMancinza – responsável por liderar uma resistência armada contra as práticas desleais
econômicas provocadas pela Europa no início do século 20 na África do Sul, sendo
visto como o precursor do movimento antiapartheid
no país – e forma inicialmente a “Bronx
River Organization”, utilizada para reabilitar os membros da Black Spades. Com a introdução das “Block Parties” (festas de rua), a grande novidade
trazida à vizinhança pelo DJ jamaicano “Kool Herc”, apoiada pelo parceiro “Kool
DJ Dee”, Afrika Bambaataa percebe que as pessoas de bem passaram a frequentar
novamente as ruas e que os muitos talentos existentes no gueto (grafiteiros,
dançarinos e improvisadores de rimas) se concentravam nessas reuniões populares.
Surge então o desejo de se trabalhar festas da mesma temática, só que adotando
o termo “Hip-Hop” – expressão muito comum entre os jovens da época,
popularizado pelos MCs em suas rimas improvisadas e por profissionais como o
“DJ Hollywood”, em sua série de brados durante os sets de mixagens para entreter o público. Bambaataa percebe também
que teria de criar algo ainda maior que a Bronx
River Organization para alcançar outras gangues e reabilitá-las pela
pacificação plena dos guetos nova-iorquinos. Naquele mesmo período muitos DJs dão suas contribuições para o engrandecimento deste trabalho, como foi o caso do DJ Grand "Master" Flash, que juntamente com Bambaataa e Herc divulgaram esta grande iniciativa pelos quatro cantos do Bronx...
Bambatha kaMancinza à direita
Eis que surge então em 12 de
novembro de 1973 a “Universal
Zulu Nation”, organização não governamental que tem como lema “Paz,
Unidade, Amor e Diversão (com responsabilidade)”. Estabelecendo sua sede no endereço 1520 da Sedgwick Avenue, onde funcionava a Escola Secundária Adlai Stevenson – diga-se de passagem, imóvel adquirido
pela família de Kool Herc –, Bambaataa inicia um trabalho mais abrangente para
o resgate dos ex-membros de gangues utilizando os elementos culturais originários
da vizinhança, a fim de que estes jovens não mais retornem às drogas e à
violência das ruas. Mas nem tudo foi tão fácil como aparentava ser...
Afrika Bambaataa, Grand Master Flash e Kool Herc: a Trindade Divina do Hip-Hop
Block Party de Kool Herc (Equipe Herculords) em um boulevard no Bronx...
1974...,
EUA, Bronx River Projects..., Mês de
Novembro...
Era inverno e muitos ex-membros estão sem dinheiro. O único jeito para
muitos é apelar novamente para a vida do crime...
Preocupado com este lamentável fato, Bambaataa propôs uma reunião com
estes jovens, com o intuito de que se fosse gerado com seus talentos uma política
de autossustentabilidade, a fim de o crime e as drogas se tornassem coisas do
passado. Sendo assim, aproveitando o termo mais comum entre os jovens do gueto,
em 12 de novembro de 1974 Afrika
Bambaataa declara fundado o “Movimento
Cultural Hip-Hop”, com base nos ensinamentos pregados pela Universal Zulu
Nation: “Conhecimento, Sabedoria, Compreensão, Liberdade, Justiça, Igualdade, Paz,
União, Amor, Diversão (com Responsabilidade), Trabalho, Fé e as maravilhas de
Deus”. O termo que outrora se traduzia ao pé da letra “Hip” (quadril) “Hop”
(saltar) dando sentido a uma simples dança, desencadeou a ideia de não se
permanecer ancorado no mesmo lugar, dando motivação ao ser humano de sair do
ostracismo em busca dos seus objetivos, ou seja, movimentar-se sempre!
Universal Zulu Nation Hoje...
Atualmente a Universal Zulu Nation está representada em quase todo o
globo, inclusive aqui no Brasil, onde nosso Ministro-chefe, “King Nino Brown”, em 1994 fundou a “Zulu Nation Brasil”, com sua sede no município
de Diadema, na Região do
Grande ABC de São Paulo e afiliações em vários estados brasileiros como
Bahia, Rio de Janeiro, Pará, Ceará e até em Portugal e no Uruguai mais
recentemente.
Afrika Bambaataa e King Nino Brown
Em todo o
mundo a Universal Zulu Nation tem como compromisso pregar a boa palavra do
Hip-Hop, organizando muitos shows e arrecadando fundos para campanhas Antiapartheid, visando
uma sociedade mais justa e acessível a todas as raças. =E importante destacar
ainda que, em 2010, Afrika Bambaataa fora indicado ao Prêmio Nobel da Paz por
pacificar por quase duas décadas o bairro do Bronx através da proposta pregada
pelo Hip-Hop...
Infelizmente, devido à
falta de Conhecimento a respeito da Cultura Hip-Hop, muitos de nossos jovens,
em todo o mundo, cometem o erro em pensar que, atividades como a dependência de
drogas em geral, portar armas ou frequentar boates de nudismo, são “Hip-Hop”. Assim,
o Hip-Hop tem sido retratado negativamente por muitos artistas que fazem “Rap”.
Esta negatividade é normalmente instigada e promovida pela indústria fonográfica
e por várias outras entidades, que exploram nossa Cultura (hip-hop) à custa do
estado de consciência da juventude e da moralidade. Deste modo, a “Universal
Zulu Nation”, legitimada como a primeira organização de Hip-Hop do mundo, nos
ensina que há uma diferença entre manifestar-se livremente a respeito da
negatividade (ativismo) e promover isto como desejável estilo de vida.
Expressões como “gangstas, pimps, husthers, niggas, spics e playas”, entre outras palavras, que, uma vez foram utilizadas nos
EUA contra o crescimento do verdadeiro Hip-Hop, hoje fazem parte do nosso
vocabulário diário em todos os cantos do planeta, inclusive aqui no Brasil.
É importante que se
deixe claro, que, a intenção da UZN perante as demais organizações de Hip-Hop é
dar suporte de Conhecimento (5º Elemento do Hip-Hop) entre outros atributos logísticos,
para que o Hip-Hop possa ser compreendido em sua forma original e difundido com
o devido respeito a Deus (acima de tudo), à família, às culturas e costumes
locais e à sociedade na qual se vive...
Vida
Longa à Universal Zulu Nation!
Vida
Longa à Afrika Bambaataa!
Vida
Longa à King Nino Brown!
Que
Deus abençoe os Guerreiros Zulus de todo o Planeta Terra!
Paz
e Respeito eternos a todos os irmãos Hip-Hoppers!
DJ “Zulu” TR.
Saiba mais...
www.zulunation.com